segunda-feira, 5 de maio de 2014

O terrível pesadelo do meu primeiro livro publicado



Em 2013, no início de minha faculdade, eu conheci uma garota e por escolha a chamei de Eulália. Pessoas conhecem pessoas, é normal. Porém essa garota foi diferente, e conto-lhes nos relatos abaixo.

Eulália era linda, prática e namorava. Isso já basta pra dizer que eu aprendi a gostar muito dela.
Naquele tempo, eu carregava a fé tola que era escritor, baseado sabe Deus em quê, por que nunca tinha lido um livro na vida. Mas sempre escrevia pequenas estórias. E eis que tive a terrível ideia de pegar minhas pequenas estórias e testá-las na vida real me utilizando daqueles que me rodeava e contar em um livro. 

Então comecei testar as fábulas e contar os relatos num projeto de livro. Sabe, eu decidi contar aquela verdade que negamos até pra nos mesmos. Embora muitas das verdades do livro tenha sido eu que inventei, afinal, sou um escritor e tenho como ofício a mentira.
Então, terminei o projeto e divulguei pra todos de minha convivência que eles estavam no livro e que ia ser publicado.Terrível erro! .
Passou-se o ano e Eulália casou-se e eu não pude fazer nada. Queria roubá-lá no cavalo branco, mas não tinha cavalo de cor alguma. A verdade é que a vida não é um conto de fadas.

Bem, em abril de 2014, uns três meses depois de seu casamento, o livro foi publicado. Então, no dia do lançamento eu, inocentemente, presenteei uma amiga de Eulália com um exemplar a fim de que ela lesse e se sentisse honrada. Porém, quando ela leu, o que era meu grande sonho, tornou-se meu pesadelo. Eu gostava pacas de Eulália e achei que o livro seria uma forma de eternizá-la na minha história, de homenageá-la... que doce ilusão. A verdade é que ninguém se sentiu homenageado coisíssima nenhuma. Todos, por razões simples, sentiram que eu, na verdade, havia era denegrido suas imagens com o livro, mesmo tento mudado os nomes.

Depois de uns dias, eu todo feliz com o meu primeiro livro, achando que era o maior escritor do bairro, recebi um recado que Eulália, personagem principal de meu livro, queria falar comigo. Percebi de cara que boa coisa não era. Fui ao seu encontro e ela, como uma cena de novela mexicana, disse: "então é assim que me ver? Você me difama!" E deixou que caísse as lágrimas mais justas que alguém podia derramar.
Eu não suportei aquela dor, aqueles olhinhos negros chorando por minha causa. Sempre tive dificuldade de falar com ela, mas aquele dia eu entrei em transe, tal qual Raskolnikov após cometer o assassinato em crime e castigo de Dostoiévski e só consegui dizer que já tava feito e sai…
Depois desse episódio eu fiquei sem rumo. Não havia mais lugar no mundo que me fosse justo preencher um espaço. A partir dali, o mundo ficou muito estranho; todos os meus amigos meio que se afastaram, talvez com receio do demônio que eu era ou sou. Não sei bem.
Sei que aqueles foram os dias mais difíceis da minha vida. Sabe quando tudo ao seu redor parece que ficaria mais bonito mais alegre se você não existisse pra estragar tudo? Foi como me senti. Pensei em abandonar a faculdade, os meus sonhos, a vida e vender minha arte na praia. Porém não o fiz.

Mas passou… A vida sempre continua. Enfim, como a vida real se difere de romances, hoje, quatro anos depois, a faculdade acabou, ainda não sou um grande escritor, Eulália continua sua vida e eu, permaneço aqui sem entender bem quem sou ou o que sou. Não sei se vou ou fico.Tô como uma folha seca que pode ser levada ao sabor dos ventos, mas como aqui não sopra nem a mais leve brisa, não saio do lugar.

Ainda sonho em ser um grande escritor, é obvio, mas meu primeiro livro não foi bem o que pensei que seria. O livro que quase fode a minha vida se chama o escritor de fábulas, não o divulgo porque ele é minha vergonha.

Ah, os que sonham ser escritor, deixo-lhes um conselho: não se inspire em pessoas de sua convivência e se o fizerem, não avise, não conte relatos reais, pois as pessoas não suportam ser decifradas. Enfim, não comentam os mesmos erros que eu.


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